7 de maio de 2023

Recados com Amor...

Meus Queridos! Depois da zanga entre o Presidente Marcelo e o Primeiro-ministro Costa aconteceu um inesperado milagre… A minha prima Engrácia de Jesus, que mora em Sintra e trabalha em Lisboa, telefonou-me lamentando o facto de não termos falado há mais tempo para pôr a escrita em dia… mas, como é sabido, nos últimos meses tem sido um inferno usar o transporte da ferrovia em Portugal devido às sucessivas greves levadas a cabo pelo sindicato dos maquinistas, que reclamavam melhores condições de trabalho e melhores remunerações laborais, o que levou a que durante esse longo período fossem suprimidas viagens entre a capital portuguesa e as redondezas… o que corresponde, pelos números agora divulgados, a menos 7.000 comboios nesse período… o que tornou a vida das pessoas que têm de usar o comboio para se movimentarem e irem para o trabalho e para as escolas, num verdadeiro inferno…. Tudo isso se passou entre o reinado dos ministros Pedro Santos e Galamba… e quer um quer outro… deixaram a coisa correr até agora… De repente, dois depois de Galamba ter apresentado a demissão de Ministro… e a seguir António Costa o ter “entronizado” como diligente e imprescindível Ministro, … aparece o acordo entre a ferrovia e os trabalhadores… António Costa vem então a terreiro anunciar o feito milagroso de Galamba, prova da sua competência… coisa que antes não mostrou, mas que no caso presente se tornou num autentico milagre… deste modo, António Costa pretendeu responder a Marcelo, que na sua comunicação ao país enterrou até ao pescoço o Ministro Galamba e António Costa… No meio desses jogos de cintura entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro, a partir de agora, com o acordo forjado entre a noite e o dia seguinte à comunicação do Presidente Marcelo,… Portugal acorda com o anuncio de um acordo que põe fim ao conflito entre as partes na CP onde é dito: “a determinação e a coesão da carreira de tracção da CP abriu caminho para que tanto as tutelas ministeriais como o CA [Conselho de Administração] da CP interiorizassem que não haveria saída possível para o conflito instalado sem uma negociação séria”. Então só agora é que as tutelas ministeriais acordaram, depois de todo o sofrimento causado ao público? A minha comadre Angélica diz que tudo isso foi uma encenação do Governo, que transformou o Ministro João Galamba no milagreiro de serviço enquanto o Primeiro-ministro, desde Braga, anunciava ao país os dotes milagrosos do Ministro Galamba e que desse modo põem à vista a razão dele se manter no Governo… Apesar disso, várias vozes dentro do PS continuam a defender a necessidade de afazer um refrescamento no Governo, com destaque para o Presidente do PS, Carlos César, que tem estado em grande actividade junto das bases socialistas, anunciando aquilo que António Costa não quer ou não tem massa para fazer, que é renovar o Governo… A minha prima Engrácia de Jesus diz que é o país e os governantes que temos! E meus queridos, eu que não sou mulher de me meter em politiquices… pergunto que mal fizemos a Deus para nos dar tamanho castigo?

Meus queridos! Não sei se vamos ter um Verão de facas-longas ou de cordas esticadas… As coisas entre Belém e São Bento atingiram um ponto de ebulição tal que a gente não sabe quando, nem como vai saltar a tampa… porque em jogo estão dois contendores, cada um mais calculista que o outro, apenas a esperar que a bomba estoure em mão alheia. Marcelo andou a ameaçar durante dias e Costa quis saber até onde ele ia… e o que se viu foi que de presidente de companhia ele se tornou (ou disse que se ia tornar) em presidente de vigia… E agora Costa que ouviu de Marcelo o que Maomé não disse do toucinho, lá vai ter de esperar um dia de nevoeiro para fazer a necessária remodelação de ministros, se tiver aonde ir recrutar novos e Galamba fica na história como o indesejado e forçado a ficar… porque noutras circunstâncias até teria vergonha de pôr os pés no ministério depois do que ouviu… E o pior é que daqui para baixo e não se sabe por quanto tempo, vamos ter um Governo já em campanha eleitoral, porque é assim mesmo que vai acontecer… Tenho pensado cá com os meus botões que tudo isto veio mostrar que a política cada vez é menos linear e o povo cada vez está mais distante!


Meus queridos! A minha prima da Rua do Poço pediu-me esta semana para que aqui nos meus recadinhos eu lembrasse à Câmara do meu querido Presidente Nascimento Cabral que para os lados da Calheta, mesmo ao lado do Hotel Casino, que já teve não sei quantos nomes e que ela agora pensa que é Octante, no parque de estacionamento que existe entre duas travessas da Calheta e que já ficou baptizado de “Parque dos Ciganos” e que não leva um pingo da asfalto desde que o meu querido e saudoso João Gago da Câmara foi Presidente do município ainda na segunda metade da década de oitenta do século XX, agora está transformado em cemitério de popós velhos, quando quem ali vive e trabalha pena por um espaço para estacionar, para além do mau aspecto que os ditos cujos apresentam. A minha prima diz que o assunto já tem sido repetidamente tratado, mas pode ser que agora, em vésperas das festas do Senhor, haja alguém que se lembre de tirar dai os ditos cujos e mandá-los para onde devem estar, que é no ferro-velho… A minha prima agradece!
Ricos! Neste Domingo estou muitíssimo dividida… e nem sei ainda o que vou fazer… isto é, se fico aqui na minha cidade-norte para assistir à Festa da Flor e participar na procissão do Senhor Santo Cristo dos Terceiros que cada vez se vai impondo mais, devido à  ligação que Madre Teresa da Anunciada conseguiu fazer entre o seu culto, quando era ainda uma jovem, e o culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres…. Ou se vou aceitar o convite que me fez a minha prima Maria da Vila para ir até à antiga capital onde decorre também a festa do Padroeiro da Ilha, São Miguel, com a medieval Procissão do Trabalho e a sua dúzia de andores evocativos das antigas profissões, algumas das quais hoje quase residuais…. Diz a minha prima Maria da Vila que este ano as festas abriram com chave de ouro com uma pequena multidão a subir o monte da Senhora da Paz para trazer a imagem para a sua Matriz onde foi recebida com apoteose musical cantada pelo coro dos sete padres, o Laudum Dei, regido pela omnipresente maestrina Cristina Ventura, num concerto que encantou todos os presentes… Assim vale a pena!


Meus queridos! E já que estou a falar de festas, é já amanhã, Segunda-feira que se ouvirão, pelo meio-dia os primeiros foguetes e os sinos a anunciar o início da semana -maior de Ponta Delgada, nas festas do Senhor. Como diz a minha prima Teresinha, não se sabe se é ainda por reflexos da pandemia ou se pela ausência de três anos das festas nos moldes tradicionais, mas o que se nota é que este ano ainda pouco se sente o ambiente das festas, mas se São Pedro ajudar com o tempo e com a sede que as pessoas têm de conviver, é capaz de ainda virmos a ter uma enchente à moda dos velhos tempos. Porque, segundo ela diz, não é preciso inventar nada nestas festas que têm o seu já multissecular estilo que se misturam agradavelmente entre o sagrado e o profano que algumas cabecinhas pensadoras ainda pensam que se pode mudar. Por mim, ainda sinto é saudades dos velhos arraiais, com música e som, e quando as barraquinhas eram mesmo barraquinhas e não restaurantes deslocados para ali, a preço de ouro e sem nada de típico ou tradicional… Mas como manda quem pode e obedece quem não tem outro remédio, estamos nisto. Boa Semana do Senhor para todos!


Ricos! E ainda falando nas festas do Senhor Santo Cristo, a minha sobrinha-neta disse-me que elas estão a tornar-se cada vez mais abrangentes em termos de presença de outras ilhas dos Açores. Desde a presença ocidental da Banda União Operária e Cultural Nossa Senhora dos Remédios, da ilha das Flores, passando pelo Faial, de onde virá o Coral de Santa Catarina, já emblemático orfeão, regido pelo sempre dinâmico padre jorgense, Marco Luciano, e que cantará a missa da Festa e o Te Deum de saída da imagem, para não falar nos sermões dos tríduos que este ano estão entregues ao padre José Júlio Rocha que vem da Ilha de Jesus… Lá estarei com o meu vestido-azul bandeira porque depois de anos de vacas-magras é bom que também na parte religiosa as festas regressem com esplendor e autenticidade… e como dizia o meu querido D. Aurélio, “devoção também é cultura”.


Ricos! Contou-me uma amiga de peito que não entende nada do que está a acontecer com o desalfandegamento de encomendas que se mandam vir de outros países. Diz ela que conhece a lei e sabe que para países terceiros a coisa se complicou com o fim da isenção de despacho e IVA de encomendas até 20 euros. Mas uma encomenda de 19 euros vinda da Holanda, que é um país da União Europeia e que leva quase dois meses para desalfandegar e ainda tem de pagar quase metade daquele valor em imposto e um monte de papelada que, na internet e num site complicado e pouco acessível faz perder horas e horas obrigando a excomungar o gafanhoto,… É isto que é difícil e custa a entender-se. Como escreveu há tempos o meu querido Director do jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, o simplex apregoado pelos sucessivos governos tornou-se uma complexa teia de papéis e complicações… e cada um que se desenrice….É Portugal no seu melhor que para os cidadãos está a tornar-se no “diabo à solta”….

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Autor: CA

Categorias: Maria Corisca

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